Relações tóxicas causada pela transgressão na empresa familiar – por Aleteia Lopes

Especialista em gestão de empresas familiares

*Coluna por Aletéia Lopes, 25/07/2022

Muitas vezes, a complexidade das relações na empresa familiar mostra quanto tóxica pode se tornar quando não há regras e limites na relação família e empresa. Como por exemplo, no caso de uma família com um herdeiro problemático onde o pai – o fundador da empresa, patriarca da família – também possui um desvio de caráter acentuado, porém, às vezes, mais comedido, em um nível mais leve. Geralmente, possuindo um histórico de burlar um pouco o sistema financeiro, principalmente, no início do negócio para conseguir lucrar mais; sonegando um pouquinho ali e dando um “jeitinho brasileiro” para conquistar o que almeja.

No passado com uma cultura bem mais patriarcal, era muito comum que o fundador fizesse o uso abusivo de álcool ocasionando perturbações na família, no entanto, como conseguiu consolidar sua empresa no mercado ou até mesmo formar um verdadeiro império com seu negócio, passa a sentir-se “blindado” contra acusações sobre o seu passado e aos seus hábitos e ao mesmo tempo, tornando-se irredutível com relação a uma possível má conduta de seu filho, pois também ocorre um processo de identificação com esse filho, além de negação de suas próprias atitudes.

Digo isso, porque quando esse fundador transgrediu, ainda não tinha todo o poder e dinheiro que possui atualmente, ele estava construindo, ganhando projeção no mercado. Por isso, pode-se dizer que ele não tinha muito “poder na transgressão”. Porém, seu filho nascido em berço de ouro, com a facilidade financeira, material e muitas influência na sociedade, pode possuir um potencial de transgressão incomparavelmente maior que o do seu pai, pois existem mais recursos para tais feitos.

Contudo, vale ressaltar que apesar de haver influências genéticas (a exemplo do alcoolismo), não podemos ignorar o componente ambiental (hábitos), em que os filhos cresceram observando e aprendendo tais comportamentos de seus pais, tendendo a repeti-los. Por isso, é ainda mais necessária e urgente uma avaliação da família como toda e a definição de limites e fronteiras que possam ajudar a diminuir os efeitos dessa relação tóxica causada por esses comportamentos distorcidos. A existência de fatores colaboradores para tais práticas nos herdeiros é quase um fato, porém, a solução e o caminho não é gerar culpa em nenhum dos membros familiares, e sim, buscar uma maior harmonia dentro do próprio ambiente familiar, reduzindo danos e buscando o menor impacto possível.

Após assumir que a existência do problema da transgressão é um fato irrefutável, a família deve entender a importância de estabelecer limites – o que possivelmente, não mude a postura do herdeiro problemático, mas, nem por isso, deve deixar de adotar essas medidas, porque elas podem amenizar os danos causados por suas transgressões, tanto nas questões familiares, como empresariais.

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do ENB.

 

 

 

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