O paradoxo da empresa familiar – Por Aleteia Lopes

Especialista em gestão de empresas familiares

*Coluna por Aletéia Lopes, 09/05/2022

A palavra Paradoxo vem do Grego e significa “aquilo que vai além de ideias convencionais”, ou seja, apesar do paradoxo ser composto por duas ideias que parecem contraditórias, dependendo do contexto essas ideias podem se reforçar mutuamente. Segundo John Ward em seu livro A empresa familiar como paradoxo, “os paradoxos são um tipo especial de problema, compostos de duas verdades interdependentes. Os dois lados parecem estar em conflito porque há uma tensão entre eles, mas uma análise mais cuidadosa mostra que os dois lados do paradoxo estão apoiando um ao outro”.

Trabalhando na implantação de projetos de Governança Familiar, pude constatar inúmeros paradoxos que parecem não ter solução e que muitas vezes são causadores de diversos conflitos, no entanto, um paradoxo pode e deve ser gerenciado e para isso é preciso primeiramente que a família empresária tenha consciência do paradoxo e como deve ser trabalhado.

O primeiro passo é a família empresária entender a diferença entre um problema comum e um paradoxo, afinal nem todos os problemas existentes numa empresa familiar são paradoxos. Segundo o psiquiatra Erich Fromm, “A busca por certeza, impede a busca por significado” por isso é importante que a família empresária aprenda a reconhecer e aceitar a ambiguidade contida nos paradoxos. Sendo assim, não é necessário buscar resolver um paradoxo, mas aprender a lidar com ele extraindo o fortalecimento dos laços familiares e o bom desempenho nos negócios.

Um dos principais paradoxos das empresas familiares, está na sua própria denominação “Empresa Familiar”, ou seja, de um lado temos uma empresa e de outra temos uma família. E então, o que os membros familiares precisam escolher primeiro? A empresa ou a família?

Estudando esse paradoxo, como especialista em Governança Familiar, digo que não se deve optar por um ou por outro, na verdade devem optar por ambos. Até porque como mencionado acima, no paradoxo não é necessária “uma escolha”, mas administrar da melhor forma possível esse paradoxo e todas as tensões que possam emergir dele.

Um outro paradoxo bem comum em grande parte das empresas familiares, se encontra na relação intergeracional, principalmente entre a primeira e segunda geração. Enquanto na primeira geração temos um forte apego a tradição, na segunda geração existe um forte desejo por inovação. Encontramos um paradoxo: Tradição e Inovação. Duas forças que parecem antagônicas, no entanto dependendo de como serão conduzidas, podem se reforçar. Sendo assim, e ao mesmo tempo que a empresa familiar precisa manter aspectos da tradição importantes para o desenvolvimento do negócio, podem inovar trazendo novos processos produtivos, diversificando, dentre outras decisões que podem ser fundamentais para a manutenção e/ou crescimento do negócio.

Portanto, ter uma gestão consciente dos paradoxos dentro de uma empresa familiar é fundamental para o equilíbrio entre empresa e família, sabendo que a tensão pode até existir, mas com certeza o resultado será bastante promissor para o desenvolvimento dos negócios e para o fortalecimento da relação familiar.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do ENB.

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