*Coluna por Marcelo de Castro – 04/05/22
Existe uma tendência da nova geração das empresas familiares a se direcionar mais para o lado financeiro, enquanto existem herdeiros que eu posso chamar de “meia geração” – 30 a 50 anos de idade – que tendem a buscar uma gestão patrimonial no modelo físico. Fato é que essas tendências não os deixam refém, não prendem essas gerações aos modelos vigentes, elas podem mudar o tipo de investimentos com o passar do tempo. Por isso faz-se necessário que o conhecimento faça parte do escopo de desenvolvimento de ambas as gerações, sempre selecionado, atualizado e aberto a adaptações.
Para assumir a função de Investidor Patrimonial dentro da família empresária exige-se mais que a facilidade para lidar com as operações e o conhecimento técnico adquirido em cursos. Esse cargo dentro dos negócios da família vai exigir também bastante racionalidade, jogo de cintura, capacidade de dialogar e negociar. Digo isso, porque provavelmente, em algum momento do exercício dessa função, essa pessoa poderá esbarrar nas divergências que possa ter com os irmãos com relação aos negócios imobiliários.
Então, esse herdeiro vai ter que argumentar com os pais sobre o porquê de determinadas decisões serem melhores que outras, na compra ou venda de um imóvel, e isso exige muita paciência na negociação. Aliadas ao conhecimento técnico e prático, essas características são essenciais para uma gestão bem-sucedida do patrimônio imobiliário.
Existem cursos que ensinam a trabalhar com documentação, ensinam sobre holding patrimonial familiar, ensinam a montar uma sociedade, a identificar se é melhor montar essa holding para alugar, vender ou simplesmente ficar parada com os imóveis dentro dela. Há também cursos que orientam sobre compra de terrenos, sobre gleba de terra, que são usadas em terrenos com mais de 10 mil metros quadrados e sobre a melhor opção a fazer com essas propriedades. Outros ainda ensinam sobre como fazer desenvolvimentos urbanos ou loteamentos. Enfim, as opções são variadas e extensas.
O conhecimento técnico e prático dará fundamento ao conteúdo a ser apresentado na conversa com os outros membros da família empresária, porém outras competências darão um belo formato numa abordagem mais eficaz a mensagem, que são as competências comportamentais, essenciais no sucesso de uma boa negociação.
Obviamente que isso não garante 100% a aceitação do que for apresentado – afinal, pode haver divergências que saem da área técnica e empresarial, e partem para a pessoal – porém se o Investidor Patrimonial possui as competências necessárias, aumenta consideravelmente as chances para negociações assertivas e cria um ambiente bem mais tranquilo para a tomada de decisões.
Por isso ressalto que é importante ter alguém assessorando o herdeiro que está à frente dessa área, porque além de acompanhar e se atualizar sobre o mercado imobiliário, ele precisa considerar que dentro do mesmo perfil de pessoa a ser escolhida para essa função ainda pode haver variações que se destaquem em alguns momentos. Exemplo disso, é que algumas gostam mais da parte executiva do trabalho, enquanto outros gostam mais da parte de ambientação, já outros gostam mais de visitar obras, entre tantas outras possibilidades. Isso só prova o quão variado pode ser esse nicho de mercado.
O que nasce primeiro, a teoria ou a prática? Ou a prática se torna teoria? Não se pode necessariamente dizer que um ou o outro está errado! Os dois caminhos estão corretos! Mas com certeza, muitas coisas práticas são transformadas em teoria, para que possam ser formalizadas e os conhecimentos transferidos de maneira estruturada. Dessa forma, o conhecimento evolui a partir de uma base teórica e anda de mãos dadas com uma boa habilidade comportamental.
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