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Confusão de conceitos técnicos reduz qualidade da comunicação e pode gerar decisões equivocadas nas empresas – Por Carlos Barbosa

*Coluna por Carlos Barbosa, 25/04/22

A comunicação dentro de um ambiente organizacional é peça fundamental para a saúde estratégica e operacional. A expressão verbal e a linguagem corporal dos profissionais, no ato de se comunicar, gera uma abertura ou barreira ao bom relacionamento. A clara definição das ferramentas físicas e digitais de comunicação para se trabalhar em uma empresa, conduz à agilidade na interação dentro da atmosfera de trabalho. Mas no âmbito mais técnico, o que consolida a comunicação da linguagem, criando harmonia intelectual corporativa, é a criação de uma rede de conceitos bem disseminada entre os profissionais, permitindo que as atividades fluam mais facilmente, com maior qualidade e precisão.

Não raro, observa-se nas empresas colocações conceituais deslocadas da sua adequada natureza literária. Cada área de uma empresa costuma ter uma linguagem técnica específica, relacionada aos processos, documentos e fatos associados àquele ambiente. Porém, nem sempre essa linguagem setorial transita claramente de um setor para o outro. Essa dificuldade decorre de vários fatores, como: baixa qualidade técnica dos profissionais contratados; barreira nas interações profissionais por dificuldades nos relacionamentos interpessoais; falta de atuação da empresa no tocante à comunicação técnica entre os setores; lideranças autocráticas que não repassam conhecimento; dentre outros. Tudo isso é risco que se adiciona ao negócio, dificultando a boa comunicação ou mesmo inviabilizando-a.

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Quando se fala em vendas, as terminologias Faturamento Bruto e Receita Bruta costumam ser mencionadas e muitas vezes confundidas. Essa confusão inicia-se pelo fato de que na DRE (Demonstração do Resultado do Exercício), definida pela Lei das S.A. (BRASIL, 1976), não existe a terminologia Faturamento Bruto mas sim Receita Bruta e desta são deduzidos todos os impostos sobre vendas. No entanto, o RIR-Regulamento do Imposto de Renda (BRASIL, 2018) não permite que o IPI (Imposto sobre Produto Industrializado) seja incluído na Receita Bruta. Essa regra do RIR acaba por gerar confusão no uso da terminologia Receita Bruta, pois difere da composição dada pela Lei das S.A.. Ainda pautando essa esfera comercial, pode-se verificar que, muitos profissionais apresentam relativa dificuldade de compreensão das terminologias Nota Fiscal, Fatura e Duplicata. Resumidamente, pode-se estabelecer que, a Nota Fiscal foca o controle da arrecadação tributária e registra as transações comerciais; a Fatura (BRASIL, 1968) objetiva respaldar a existência de um contrato de compra e venda mercantil, discriminando todas as informações da transação; e a Duplicata (BRASIL, 1968) é um título de crédito que estabelece a obrigação de pagamento por parte do comprador ao vendedor, documento este sem obrigação de emissão, mas se o fizer, obrigatoriamente deverá ser extraído da Fatura. Ainda seguindo nesse contexto de negociação, pode-se também lembrar que, a emissão de um Pedido de Venda, por si só, não tem reflexo na DRE (Demonstrativo de Resultado do Exercício), pois para isso a Nota Fiscal de Venda precisaria ter sido emitida. Esses são alguns poucos exemplos, no viés comercial, de equívocos terminológicos que são comuns de serem relatados.

No âmbito dos gastos, muita confusão de comunicação técnica pode ser apresentada também. A terminologia Custos, por exemplo, é usada indiscriminadamente para representar coisas diferentes e que, muitas vezes, o emissor da terminologia não sabe ao certo que existem nuances terminológicas específicas que, em muito, modificam o sentido. As terminologias Despesa, Custo de Aquisição, Custo de Produção e Custo da Venda, as quais representam fatos completamente diferentes, costumeiramente são substituídas indevidamente pela simples palavra Custos, o que dificulta a boa comunicação. Adicionalmente, algo muito comum de se ver nas empresas é a troca indevida entre as terminologias Preço de Compra e Custo de Aquisição, pois a primeira revela o valor da Nota Fiscal de Compra, enquanto a segunda revela efetivamente qual o Custo na aquisição de determinada mercadoria, partindo do valor da Nota Fiscal, descontando-se os créditos tributários e adicionando-se os débitos tributários, assim como os fretes e demais custos para se colocar a mercadoria pronta para uso.

Na esfera dos Indicadores de Desempenho, os equívocos continuam a ocorrer, dentro das empresas. Muitas vezes, a terminologia Produtividade, que é a melhor relação entre o volume do que se produz a partir do volume do que se consome, vem a ser confundida com a terminologia Produção, que é a ação de usar insumos e transformá-los em produtos dentro de um processo. Outro equívoco corriqueiro é citar a terminologia Margem como sendo algo tão genérico que possa vir a substituir as acepções de Margem Bruta, Margem de Contribuição, Lucro Operacional e Lucro Líquido, motivando um caos em qualquer reunião empresarial. A confusão também pode surgir entre as terminologias Lucratividade e Rentabilidade, pois enquanto a primeira relaciona o lucro líquido com a receita total, a segunda revela um rendimento (taxa de retorno) a partir de um investimento feito. A miscelânea de terminologias trocadas ou intercambiadas expostas neste texto é apenas uma amostra da enorme diversidade de equívocos cometidos rotineiramente nos negócios.

Em face do abordado até aqui, configura-se um problema que urge ser solucionado e que está situado no nível do capital intelectual das empresas. É preocupante a empresa saber da existência de tais situações e não haver um planejamento de correção, pois afinal, empresas são geridas e operacionalizadas por pessoas. A harmonização do conhecimento, através de capacitações contínuas, especialmente troca de conhecimento entre os setores, ou ainda um maior rigor nas seleções de pessoal, são mecanismos que poderiam amenizar ou acabar com esse tipo de desvio de conhecimento. O risco inerente a uma equipe de profissionais que mantém uma comunicação técnica caótica pode não apenas atrasar cronogramas, provocar discussões acirradas, como também pode levar a tomada de decisões equivocadas, gerando prejuízos não apenas nos relacionamentos interpessoais mas também financeiros.

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