Quando a empresa destrói uma família – Por Aletéia Lopes

Especialista em gestão de empresas familiares

*Coluna por Aletéia Lopes, 18/04/2022

É muito comum nos depararmos com estatísticas de quantas famílias empresárias destruíram seus negócios, e segundo pesquisas, os principais motivos para esse desfecho são consequências de brigas e conflitos familiares, além de falta de um planejamento sucessório. No entanto, não existe uma estatística reversa de quantos negócios liderados por famílias podem destruir laços, provocando rompimento das relações familiares, desentendimentos e brigas judiciais.

Geralmente, as maiores causas para uma empresa destruir uma família se dá por falta de organização dos executivos familiares dentro do negócio, definição clara de papéis, limites e fronteiras. A relação familiar e empresarial é confusa e por falta de regras e normas de convivência dentro e fora do negócio cria um ambiente extremamente adoecedor, pois a casa da família se torna a extensão da empresa e o almoço do domingo vira a sala da reunião com prestação de contas de cunho totalmente pessoal e muitas vezes acusatório.

O primeiro passo para tentar diminuir a interferência de assuntos empresariais nos encontros de lazer familiares é organizar a relação da família dentro do negócio, proporcionando a criação de fóruns adequados para separar os assuntos de família e de empresa, alinhando expectativas e criando regras e acordos que possam profissionalizar a relação da família com o negócio e fortalecer os vínculos familiares.

Quantos males e sofrimentos estão escondidos no cerne das famílias empresárias e seus herdeiros devido ao desalinhamento e relações fragilizadas causados por palavras indevidas proferidas dentro do ambiente inadequado. Afinal, do lado empresarial temos a razão e do lado da família temos o afeto. Enquanto na empresa temos visão de longo prazo, meritocracia, planejamento e prestação de contas; na família temos espontaneidade, inclusão, perdão e tendência a igualdade.

São características distintas que precisam ser entendidas e trabalhadas dentro de um Programa de Governança Familiar com o objetivo de reconstruir as relações familiares e trabalhar a longevidade dos negócios. A Governança Familiar vai dar mais segurança à família pela certeza de que ela tem um ordenamento mínimo e que a partir daí existe um risco menor de seus membros brigarem ou terem grandes desavenças entre si que possam prejudicar a família enaltecendo apenas a empresa. Então, toda e qualquer família empresária – seja a dona de uma única padaria ou da grande indústria de porte nacional – precisa de uma organização que ajude a família a não ser destruída pela empresa.

*Aletéia Lopes é escritora e diretora da HerdArs com experiência em projetos de governança para Famílias Empresárias e formação de Herdeiros/Sucessores. Mentora estratégica de executivos familiares e mediadora de conflitos. Graduada em Serviço Social, com formação em Mentoring, Coaching, Constelação Sistêmica e Terapia Familiar. Membro do Instituto Brasileiro de Governança corporativa – IBGC/CE. Diretora de Governança da Câmara de Comércio e Indústria Brasil e Alemanha no Ceará – CCIBAC.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do ENB.

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