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As relações intergeracionais na empresa familiar – Por Aletéia Lopes

Especialista em gestão de empresas familiares

*Coluna por Aletéia Lopes, 11/04/2022

Um grande desafio encontrado na maioria das empresas familiares são as diferenças entre gerações que convivem dentro da família e dos negócios. Como fazer para fortalecer os vínculos, produzir identificação entre gerações diferentes e perpetuar a empresa e história familiar sem anular nenhuma das partes?

As gerações se comportam e tem visões de mundo, pensamentos e formas de atuação totalmente diferentes. O professor John Davis, grande estudioso americano sobre empresas familiares, fez um estudo sobre as diferenças intergeracionais, desde a geração Baby Boomers até a geração X e Y.

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Na geração Baby Boomers estão os fundadores nascidos entre 1945 e 1960, na geração X estão aqueles dos 30 aos 53 anos de idade e tem a geração Y, geração Millennials, que está abaixo dos 30 anos. John Davis menciona em sua pesquisa que na geração Baby Boomers, geralmente as pessoas exerciam um trabalho repetitivo, operacional, rotineiro, não tinham hábito de levar trabalho para casa, chegavam cedo, e trabalhavam dentro do horário do expediente. Já a geração X, quanto à questão da rotina de trabalho, era mais workaholic, viciada em trabalho, fazia seu trabalho fora do ambiente empresarial, geração do happy hour, tinha computador portátil e por isso levava o trabalho para casa. Já a geração Millennials é uma geração totalmente fluida, uma geração que não consegue entender que tem horário de trabalho. Por que ele não pode trabalhar às 4h da manhã? Se é a hora que ele tem maior produtividade?

O que acontece quando a geração Baby Boomers, que é a do avô, chega para a geração Millennials, que é a do neto, e diz que para ele ser um bom executivo ou empresário, ele tem que chegar às 8 horas da manhã na empresa e tem que sair as 18 horas? Conflito intergeracional instalado.

Enquanto a geração do avô diz que o neto tem que bater o ponto, a geração X, do filho, diz que tudo bem, que ele (geração Y) até pode trabalhar em casa, mas precisa estabelecer uma rotina. A geração Y não consegue entender que ele tem que dar pelo menos um expediente na empresa, ter um horário fixo, pois acredita que não tem necessidade de ter um ambiente rígido de trabalho para produzir e dar resultado.

A geração X, por sua vez, é focada no poder, no sucesso e na carreira, e a geração Millennials ninguém sabe ao certo qual seu foco, talvez nem o tenha. É uma geração que não tem padrão, ela pode juntar dinheiro para “pular de paraquedas lá do Himalaia”, pode juntar dinheiro para ir morar um ano nos EUA, ninguém sabe ao certo o que essa geração fará no próximo ano, porque cada um tem um jeito diferente de pensar, é uma geração líquida, não existe solidez. A geração Millennials não quer ir trabalhar na empresa, não quer ficar presa, não consegue lidar com esse ambiente regrado, e a dificuldade da entrada dessa geração nas empresas longevas são instaladas devido às visões de gerações diferentes. Em resumo:

  • A geração Baby Boomers é focada em trabalho estável. Mais conservadora, valoriza a tradição e a sua manutenção a todo custo;
  • A Geração X é focada em resultado e meritocracia. Ela é conquistada pela rentabilidade porque é uma geração que foca em dinheiro e sucesso. Ela quer trocar o carro, quer conforto.
  • A Geração Y (Millennials) voltada para o eu, uma geração com mais dificuldade de ouvir um “não”. Ela veste primeiro a camisa dela, só depois veste a camisa da empresa. Em primeiro lugar vem o eu, eu e eu, para depois vir a empresa da família. Então se essa geração não está se satisfazendo, não vai ser dinheiro que vai prendê-la. A geração Y não depende de carro, ela acha “tão legal andar de bicicleta ou de Uber”, por que querer carro se tem transporte alternativo por aplicativo tão barato? É uma geração mais flexível, que não gosta de rigidez, e sim de desafio!

Então, o conflito se instala, porque as gerações mais novas não compreendem a antiga e os mais antigos não conseguem entender as gerações mais novas. Os Millennials dizem: “Esta tradição já virou algo obsoleto, é uma velharia que está ultrapassada”. E o conflito intergeracional continua com a chegada da nova geração Z, e com todas as letras que vierem a seguir, porque o tempo não para e nem espera que cada geração se compreenda. Por isso é importante que as gerações dialoguem e dentro de um processo de Governança Familiar estruture acordos e regras, não deixando para o tempo a responsabilidade de conciliação intergeracional.

*Aletéia Lopes é escritora e diretora da HerdArs com experiência em projetos de governança para Famílias Empresárias e formação de Herdeiros/Sucessores. Mentora estratégica de executivos familiares e mediadora de conflitos. Graduada em Serviço Social, com formação em Mentoring, Coaching, Constelação Sistêmica e Terapia Familiar. Membro do Instituto Brasileiro de Governança corporativa – IBGC/CE. Diretora de Governança da Câmara de Comércio e Indústria Brasil e Alemanha no Ceará – CCIBAC.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do ENB.

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