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Desafios tecnológicos para a criação de futuros desejáveis– Por Marcos Hirano

Muitas tecnologias digitais têm sido relacionadas como alavancadoras das transformações disruptivas. A Inteligência Artificial é uma das principais, com suas derivações com machine learning e deep learning e a diversidade quase infinita de aplicações, seja em sistemas autônomos (robôs, drones e veículos autoguiados), ou em complexas correlações e análises de dados para resolver diferentes problemas de negócios – Augmented Analytics; dispositivos conectados (IoT) e os gêmeos digitais visam criar réplicas virtuais de processos e estruturas organizacionais – Digital Twin Organization, permitindo gestão e análises cada vez mais ágeis e precisas, possibilitando ganhos de eficiência de modo dinâmico e responsivo; computação quântica com a sua capacidade de escalabilidade, promete transformar radicalmente como a computação se apresenta, tornando possível a resolução de problemas até então intratáveis; Blockchain e suas derivações, que vai aos poucos se encontrando em seus estágios de evolução (vide Hype Cycle, do Gartner; 6D da Exponencialidade, de Peter Diamandis); produção aditiva com a impressão 3D, que projeta uma revolução em processos industriais e distribuição, mais distribuída e acessível; Espaços Inteligentes com as cidades e casas inteligentes, fábricas conectadas e ambientes de trabalho virtuais/digitais; e mais recentemente com a popularização e hype do Metaverso, que tem potencial de transformação similar ao que houve com o surgimento da Internet; apenas para citar alguns exemplos.

Mas nem tudo são flores

O desenvolvimento e avanço na adoção dessas tecnologias trazem alguns desafios importantes. Entendo que Ética e Privacidade Digital podem ser os principais. A quantidade de smartphones no Brasil já supera a população, que segundo estudo da FGV de abril de 2018, atingia a marca de 220 milhões de unidades. A pesquisa aponta ainda que se considerados todos os dispositivos móveis como notebooks e tablets, o número chegava em incríveis 306 milhões de unidades.

Cada um desses dispositivos contribui para gerar uma monstruosa massa de dados pessoais e de comportamento. O volume total de dados criados, capturados, copiados e consumidos globalmente tem projeção de crescimento acelerado, tendo atingido 64,2 64 zettabytes ou 64,2 trilhões de gigabytes! Vivemos num mundo tomado por dados. A projeção até 2025 é que o crescimento global de dados supere 180 zettabytes. Numa primeira análise, isso deveria ser uma ótima notícia, já que para os algoritmos de inteligência artificial esse é o principal insumo e quanto maior o volume de dados maior a acurácia da tecnologia. Teoricamente.

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Análise

Os dados utilizados para treinamento desses algoritmos podem conter vieses que geram resultados tendenciosos, apesar de todos os esforços dos programadores para evitá-los.

Imagine um cenário em que a IA contribua para análise de um processo criminal: obviamente cor da pele não pode ser considerado um critério para o julgamento. Consideremos então a base histórica de prisões ao longo do tempo, em princípio um critério neutro em relação à cor de pele. Entretanto, todos sabemos que a população carcerária é majoritariamente composta por afrodescendentes, negros e pardos, por diversas questões históricas, sociais e econômicas, que não vem ao caso neste artigo. Um algoritmo de IA poderá levar isso em consideração e acabar gerando tendências viciadas, que apenas irão replicar o comportamento contido na base, ainda que de maneira não intencional.

Vejamos outro exemplo, o de processos de recrutamento e seleção, em que a IA pode ser utilizada para identificação de pessoas que se candidataram e possam ter perfis ideais para preenchimento de vagas em aberto. Em áreas e setores com histórico predominantemente masculino como na TI, por exemplo, o resultado pode gerar a manutenção ou até mesmo o agravamento de questões relacionadas à falta de diversidade no mercado de trabalho.

Hiperconectividade e Privacidade de Dados

A adoção massiva dos dispositivos móveis com a importante democratização do acesso à Internet, é cada vez mais difícil imaginar que não estejamos sendo rastreados em cada passo e ação em nosso dia a dia. Simples pesquisas no Google; postagens, curtidas e check-ins nas redes sociais; deslocamentos despretensiosos com o smartphone no bolso, mas com o rastreador ativado. Absolutamente tudo pode e está sendo registrado na nuvem das gigantes digitais Google, Apple, Facebook, Amazon e Microsoft – conhecidas pelo acrônimo GAFAM, como já mencionei em Estamos vivenciando a era do caos?. (recomendo O Dilema das Redes na Netflix, para entender um pouco melhor).

Há ainda o escândalo envolvendo dados do Facebook com o uso de dados para fins políticos com a Cambridge Analytica (outro documentário que recomendo é Privacidade Hackeada também na Netflix, para entender todo o impacto ocasionado e os riscos associados).

Como garantir que esses dados não sejam utilizados indevidamente, violando o direito à privacidade individual no mundo virtual? Diversos países têm agido para debater e criar leis para tratar disso, como o exemplo do GRDP – General Data Protection Regulation – da União Européia, a pioneira já em 2016 (Regulação Geral para Proteção de Dados da União Europeia), ou a brasileira LGPD – Lei Geral de Proteção de Dados, inspirada na lei europeia, em vigor desde setembro de 2020. Mas a falta de conhecimento dos riscos e a (in)consciência coletiva ainda estão longe de proteger os cidadãos do mal uso desses dados.

Mundos extremos

Você sabia que apesar de todos os avanços tecnológicos e desenvolvimento econômico do último século, a ONU aponta que cerca de 1 bilhão de pessoas ainda não tem acesso à energia elétrica? Outro levantamento realizado pela OMS e UNICEF em 2017 indica que cerca de 30% da população mundial – aproximadamente 2,1 bilhões de pessoas – sequer tem acesso à água potável e em torno de 4,5 bilhões de pessoas carecem de saneamento seguro em nosso planeta. Inacreditável, não?

Sociedade 5.0

Surgido no Japão em 2016 como uma evolução dos conceitos de Indústria 4.0 (Alemanha, 2010) e Internet Industrial (EUA, 2012), a abordagem tem como principal objetivo colocar o ser humano no centro das atenções, direcionando os benefícios das tecnologias a serviço da humanidade. Ou seja, é aproveitar tudo o que vem sendo criado e desenvolvido para melhorar a qualidade de vida das pessoas.

A nova era da sociedade 5.0 considera que tudo o que virá no futuro será conectado e a sociedade terá que ser adaptável. A ideia de Sociedade 5.0 sobrepõe a busca por maior produtividade e eficiência dos processos por meio da tecnologia. Os sistemas inteligentes não são considerados ameaças ao ser humano. Em vez disso devem ser tratados como verdadeiros aliados para resolver problemas como: envelhecimento da população, falta de educação e saúde de qualidade, restrição à energia elétrica e ao desenvolvimento tecnológico, catástrofes naturais, insegurança, desigualdade social…

Todos nós temos que nos conscientizar da importância da alfabetização para futuros, de maneira que possamos colaborar para a construção de cenários para futuros desejáveis.

Vamos juntos?

*Opinião – Artigo Por Marcos Hirano.

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do ENB.

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