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Ecossistemas, natureza e inovação – Por Marcos Hirano

*Coluna por Marcos Hirano, 28/03/2022

O mundo dos negócios tomou emprestado algumas definições da biologia para batizar elementos do seu contexto. Definições como ecossistema, biomas, habitat, simbiose trazem bilhões de anos de evolução e inteligência da natureza.

Na definição clássica da biologia, Ecossistema é um conjunto formado pelas interações entre componentes bióticos, como os organismos vivos: plantas, animais e micróbios, e os componentes abióticos, elementos químicos e físicos, como o ar, a água, o solo e minerais. Empresas, governos, pesquisadores, empreendedores, clientes, curiosos, dentre outros compõem os ecossistemas de inovação.

E assim como na natureza, há relações simbióticas cooperativas, de mutualismo, comensalismo e outras de competição, predação e às vezes até de parasitismo entre os diversos agentes que compõem os ambientes de negócios.

Ecossistemas e hélices

No contexto da Inovação a definição de hélices descreve como um conjunto de interações entre atores do ecossistema funciona para promover o desenvolvimento econômico e social, conforme descrito em conceitos como economia do conhecimento e sociedade do conhecimento.

Na definição clássica da tripla hélice da inovação, temos academia, governo e setor produtivo como as pás dessa hélice. Há algumas novas definições que incluem uma quarta hélice com a sociedade e uma quinta hélice com o ambiente de negócios e ainda uma sexta com o meio-ambiente.

Independente do quão detalhada seja a hélice, o primordial é que as relações sejam compreendidas e praticadas de maneira a potencializar as fortalezas e minimizar as deficiências de cada um dos agentes, tornando mais poderoso o ecossistema.

Inovação além das paredes das organizações

Um tipo de prática que tem sido adotada, principalmente por corporações, mas também por alguns governos pelo mundo é a inovação aberta. Nesse modelo o objetivo é ampliar a capacidade para trazer novas soluções para problemas das organizações, aproveitando o poder da inteligência coletiva, da colaboração, por meio do intercâmbio entre a rede de colaboradores interna e agentes externos. Esses agentes externos podem ser em geral, startups e iniciativas menores, como empresas do mesmo setor, de diferentes mercados.

Maior diversidade de visões, aceleração no tempo de desenvolvimento, redução de custos, abertura a novos mercados são alguns dos possíveis benefícios que as organizações podem obter a partir do amadurecimento da prática. Adicionalmente, o mercado também ganha com esse processo de inovação, pois parte do conhecimento produzido é compartilhado, contribuindo para que novos patamares sejam alcançados, como um círculo virtuoso de crescimento.

Maratonas para solução de problemas

Você já deve ter ouvido falar dos hackathons, que tem se tornado muito comuns nos últimos anos, sobretudo entre as comunidades de empreendedores e startups. O nome é uma mistura de hacking e marathon, ou seja, são maratonas de desenvolvimento de soluções, que em geral duram um final de semana com 30 horas de duração em média. Esta tem sido uma fonte de ideias para as organizações para o enriquecimento de sua base de soluções. Claro que no final, poucas soluções são efetivamente levadas adiante, mas a partir das ideias e protótipos desenvolvidos, muitos desafios podem ser superados.

Um passo de cada vez

Nesse tipo de processo de inovação é primordial que a cultura da organização seja favorável a relações transparentes entre os diversos agentes envolvidos, internos ou externos. Seus colaboradores precisam estar integrados e fazerem parte da mudança, para que não se sintam ameaçados por agentes externos e parceiros de desenvolvimento de soluções, sob o risco de ter que lidar com conflitos e boicotes, que podem ameaçar o sucesso das iniciativas, conforme abordei no artigo Estratégia, cultura e cafés da manhã. Investimento em conscientização, capacitação e promoção da prática, junto com equipes com maior grau maturidade e competência são ações que podem ser implementadas em toda a organização.

Promover conexões e nutrir o relacionamento com comunidades de startups, hubs de inovação, órgãos de fomento, centros de pesquisa e desenvolvimento também são importantes para integração, de maneira que a organização esteja atualizada sobre tendências e movimentos do ecossistema e do mercado.

A partir de uma cultura preparada e com relacionamento maduro com o ecossistema, é mais seguro partir efetivamente para a prática do desenvolvimento de novas soluções e produtos, seja para resolver problemas internos ou de mercado.

Caso executivos e gestores de organização não tenham familiaridade com práticas de inovação aberta, pode ser interessante contar com a orientação e suporte de profissionais ou empresas que possam assessorá-los nesse processo.

Destaques no Brasil

Dentre iniciativas que valem a pena conhecer, listo os hackathons como Startup Weekend, uma organização dos Estados Unidos que exportou o modelo para todo o mundo, e no Brasil diversas cidades contam com grupos que se organizam para realizar eventos temáticos que reúnem dezenas e até mesmo centenas de pessoas ao longo do final de semana. O NASA Space Apps Challenge também é outro evento interessante, do qual já tive oportunidade de participar como mentor e na organização, em Fortaleza.

A 100 Open Startups organiza anualmente um ranking que traz os destaques brasileiros em inovação aberta, o 100 Open Corps. Em 2021 Ambev, Arcelor Mittal, Banco BMG, BASF e Nestlé foram as que tiveram maior pontuação, ocupando as 5 primeiras posições.

Uma iniciativa que tive oportunidade de conhecer um pouco mais de perto é a da VetorAG, da construtora Andrade Gutierrez, tendo sido pioneira a implementar com sucesso a prática da inovação aberta, no setor de construção pesada, que é bastante tradicional e dominada por gigantes. A AG tem se beneficiado da inovação aberta para solucionar desafios de grandes obras nacionais e internacionais, trazendo redução de custos, maior confiabilidade, controle e governança em seus projetos.

Você conhece alguma prática de inovação aberta ou já teve experiência com alguma iniciativa como hackathons, por exemplo? Compartilhe através dos comentários abaixo.

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do ENB.

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