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Dá um like ou um hate no Home office? – Por Carlos Alberto Filho

*Coluna por Carlos Alberto, 22/02/2022

Dentro da Controladoria e do Financeiro, desejos antagônicos de profissionais: colaboradores e executivos. Há quase 2 anos o ser humano vem enfrentando a pandemia do COVID-19. Nesse período, o mundo precisou mudar não apenas o nível de preocupação com a higiene, com a aglomeração social mas também com a forma de se relacionar socialmente e com o ambiente de trabalho. Em muitas profissões, e em especial nas executadas em escritórios, o arranjo de trabalho foi temporariamente modificado e assim os lares dos trabalhadores tornaram-se o ambiente oficial de trabalho: o Home Office.

O Home Office ganhou os holofotes e muitos adeptos por vivermos hoje um momento tecnológico que viabiliza o acesso remoto aos servidores das empresas, transformando essa modalidade de trabalho em uma solução que atende as exigências de isolamento social decretadas pelas autoridades governamentais sem estancar as atividades trabalhistas. É verdade que o Home office se encaixa melhor em atividades associadas a análises, previsibilidade, processamentos, controles de dados, a atividades de geração de conhecimento, de desenvolvimento de softwares, de geração de relatórios e indicadores e outras atividades assemelhadas. Assim, facilmente se percebe que as incumbências do âmbito da Controladoria e da área Financeira são extremamente aderentes a essa forma de trabalho.

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Para atividades relacionadas à Controladoria, como é o caso da Contabilidade Societária, Custos, Planejamento/Orçamento, Reporting, Patrimônio e Tributos não existem grandes empecilhos ao Home office, pois praticamente todas elas lidam com processamento, análise, previsão e controle de dados. Para não deixar de citar algumas dinâmicas que seriam exceções, vale então mencionar os inventários de estoque, quando controlados pela Controladoria, e os inventários de imobilizado, ambas as tarefas que não têm aderência ao Home Office, por serem tarefas que demandam percepção visual e espacial dos ativos da empresa. Aproveito para citar que também na área Financeira, setores como Crédito, Contas a Pagar, Contas a Receber, Relação com Investidores, Gestão de Risco e Operações Financeiras, são completamente moldáveis ao Home office.

O advento tecnológico das plataformas de comunicação social, disponíveis até em smartphones, trazendo possibilidade de videoconferência com simultaneidade de usuários, consolidou a massificação do Home office, pois essas plataformas desfazem o mito da necessidade de trabalho presencial. Isso tem ajudado sobremaneira às áreas da Controladoria e do Financeiro a desenvolverem discussões em reuniões virtuais, agilizando as decisões. Interessante mencionar que, mesmo nas empresas que definiram dias de trabalho presencial, muitas das reuniões ocorrem de maneira virtual, o que mostra uma mudança de tendência dos arranjos trabalhistas.

É válido destacar que, a oportunidade que uma empresa tem de direcionar uma área como a Controladoria e o Financeiro para o Home office é uma oportunidade de revisar algumas variáveis associadas à dinâmica trabalhista, como: custo com refeição dos colaboradores, com energia e aluguel das instalações, com fardamento; preocupação com atrasos por engarrafamento e com exaustão do colaborador pelo deslocamento; nível de produtividade; possibilidade de aquisição de talentos independentemente da localização geográfica; e melhoria do nível de vida dos colaboradores tanto pela proximidade dos entes queridos quanto pela maior disponibilidade de tempo para dedicar ao lazer.

Segundo pesquisa de Barrero et al (2021, tradução nossa), as empresas que tiveram custos com experimentos de Home office podem ter efeito persistente nesse arranjo de trabalho. Em linha com isso os pesquisados afirmam que a experiência foi melhor do que se imaginava, percebendo nas suas tarefas maior produtividade, e essa tendência também é suportada pelos trabalhadores que investiram em equipamentos para o trabalho em casa. Dois terços dos entrevistados se mostraram muito receptivos com o Home office.

Ainda, segundo a pesquisa, após a pandemia de COVID, os trabalhadores oferecerão 20% dos dias de trabalho com o arranjo do tipo Home office ou seja, quatro vezes maior do que no período pré pandêmico. Isso se deve ao fato da pandemia ter acabado com as forças inerciais dos custos experimentais com Home office das empresas assim como impulsionou o trabalho remoto. Essas conclusões são fruto da pesquisa sobre Arranjos de Trabalho e Atitudes, realizada nos EUA, a partir de 30.000 respostas coletadas de pessoas em idade ativa de trabalho, no período de Maio de 2020 a Abril de 2021. O público alvo era pessoas entre 20 e 64 anos, com remuneração mínima anual de US$20.000.

Seguindo na contramão da tendência apresentada no estudo citado anteriormente, uma outra pesquisa, veiculada no Future Forum Pulse (2021, tradução nossa), mostra que mais de dois terços (cerca de 68%) dos executivos preferem trabalhar nas instalações da empresa, pelo menos na maior parte do tempo de trabalho. Esses mesmos executivos mencionam que os planos da empresa é trazer de volta os empregados não-executivos para trabalharem na mesma frequência presencial deles. Nessa pesquisa, 76% dos entrevistados não-executivos preferem se manter em Home office de maneira flexível, apontando para uma preferência a esse novo arranjo de trabalho. Isso mostra uma grande desconexão entre a visão do executivo e a do colaborador, quanto ao formato de trabalho. Esse estudo abrangeu mais de 10.000 pesquisados de países como EUA, Austrália, França, Alemanha, Japão e Reino Unido, e todos eram trabalhadores com alto nível de conhecimento analítico e teórico, como por exemplo, graduados e pós graduados. Mas algo que ressalta no estudo é a relativização da importância conferida a uma experiência por cargos de níveis hierárquicos diferentes. Na pesquisa pode-se perceber que, após o retorno ao trabalho presencial dos empregados, eleva-se alguns indicadores de experiência dos executivos, como o senso de pertencimento, acesso a recursos e foco no trabalho. Esses indicadores têm pontuações bem inferiores para os não-executios.

Segundo a revista The Economist (2021), os motivos que levam os executivos a preferirem o arranjo de trabalho nas instalações das empresas podem ser explicados por: status que o escritório confere ao alto cargo profissional; crença nas interações pessoais e não nas vias virtuais; e o fato da maioria dos executivos não terem alcançado o sucesso pelas vias virtuais mas presenciais.

Pelas pesquisas, percebe-se que existe uma clara tendência de absorção do Home office nos ambientes de escritório, seja uma Controladoria, um Financeiro ou assemelhados. Ainda que existam inércias naturais de algumas visões estabelecidas, entendo que o mercado digere e assimila aquilo que gera bom resultado econômico-financeiro, naturalmente abraçando o que beneficia o negócio e rompendo laços com o que emperra a fluidez.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARRERO, J.; BLOOM, N.; DAVIS, S. Why Working From Home Will Stick. SSRN. Abr. 2021. Disponível em: https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=3741644.

The great executive-employee disconnect. Future Forum Pulse. Out. 2021. Disponível em: https://futureforum.com/2021/10/05/the-great-executive-employee-disconnect/

Why executives like the office. The Economist, Bartleby, nov. 2021.

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do ENB.

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