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Filme Casa Gucci: Na visão da Governança Familiar – Por Aletéia Lopes

Especialista em Gestão de empresa familiar herdeiros

*Coluna Aletéia Lopes, 13/12/2021

Conhecida como uma das mais famosas grifes do mundo da moda, a Gucci recentemente passou a ocupar as telas dos cinemas no mundo inteiro com o lançamento do filme “Casa Gucci”, retratando o lado sombrio da marca, que por trás de tanto luxo, existiu uma empresa familiar fundadora do negócio que por falta de uma governança vivenciou uma trágica história.

O filme mostra a realidade da empresa familiar fundada por Guccio Gucci em 1921 e sucedida por seus filhos Aldo e Rodolfo, que infelizmente apesar de trabalharem na expansão da marca, falharam em não preparem seus herdeiros para dar continuidade ao negócio.

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No filme, Paolo Gucci (filho de Aldo) sempre foi menosprezado pelo pai e tratado como um incompetente, não havendo nenhuma abertura do pai para a aproximação do filho no negócio de uma forma mais profissional. De forma semelhante, em relação a falta de preparação para a sucessão do negócio, ocorreu com Maurizio Gucci (filho de Rodolfo), que apesar de ser um filho retratado como estudioso, formado em Direito e admirado pelo pai, não entendia nada de gestão e consequentemente acabou sendo pressionado a vender suas quotas para a Investcorp, por não saber administrar o negócio, fazendo gastos elevados com artigos de luxo e levando a empresa a uma grave crise financeira.

Além disso, o foco do filme foi também em retratar a relação de Maurizio com sua esposa Patrizia Reggiani, onde podemos perceber que a falta de limites na organização familiar dentro da empresa, foi responsável por inúmeros atritos e situações de abuso de poder, principalmente por falta de definição dos cargos e responsabilidades de cada membro familiar, gerando bastante frustração, traição e ocasionando desastres não apenas dentro da empresa como também nos vínculos familiares.

Através dos meus conhecimentos na área de Governança Familiar, é possível entender que assim como a Gucci, muitas empresas familiares pecam exatamente na sucessão para as novas gerações, criando herdeiros distantes do negócio e possibilitando brigas e conflitos familiares por falta de uma Governança com regras claras, que possibilitem um acompanhamento profissional dos negócios, um ambiente de diálogo entre sócios e futuros sócios e principalmente um trabalho que fortaleça os vínculos familiares.

Sabemos, através da metodologia da Governança Familiar que é necessária uma aproximação profissional do herdeiro no negócio para que o mesmo possa decidir sobre sua atuação de uma forma mais clara e assertiva, com aceitação da família em relação as suas necessidades e habilidades individuais. Sempre faço a analogia com o casamento: como é possível casar com alguém que não conhecemos e que não nos apaixonamos? Assim, é a empresa familiar! O herdeiro precisa conhecer e se apaixonar pelo negócio da família e só assim decidir qual a relação que pretende ter com o negócio.

Além dessa aproximação do herdeiro no negócio, alguns acordos são fundamentais, como o protocolo familiar que é um acordo consensual entre os membros familiares, posto por escrito, no qual fixa o que deve ser o guia de conduta da família em relação aos negócios e a sua convivência. Além do protocolo é importante também a formatação de um acordo de sócios para tratar assuntos como sucessão, partilha, regime de casamento, venda de quotas empresariais e outros assuntos que precisam ser bem planejados para evitar litígios caros e intermináveis.

Sendo assim, o objetivo de realizar uma Governança familiar é essencial para prevenção de desentendimentos e para obter uma maior harmonia dentro do próprio ambiente familiar, que muitas vezes por pendências mal resolvidas na empresa, as relações acabam sendo contaminadas, comprometendo sentimentos e vínculos familiares por questões empresariais.

Provavelmente, se a Gucci tivesse estruturado sua Governança Familiar com a formação de seus herdeiros e implantação de um Conselho de administração sua história seria contada de outra forma, como um case de sucesso servindo de inspiração para diversas empresas familiares no mundo.

*Aletéia é escritora e diretora da HerdArs com experiência em projetos de governança para Famílias Empresárias e formação de Herdeiros/Sucessores. Mentora estratégica de executivos familiares e mediadora de conflitos. Graduada em Serviço Social, com formação em Mentoring, Coaching, Constelação Sistêmica e Terapia Familiar. Membro do Instituto Brasileiro de Governança corporativa – IBGC/Ce. Diretora de Governança da Câmara de Comércio e Indústria Brasil e Alemanha no Ceará – CCIBAC.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do ENB.

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