Um Olhar Sobre as Profissões com Damião Tenório – Sócio e fundador da Câmara de Mediação e Arbitragem Especializada (CAMES)

Neste domingo, o quadro Um Olhar Sobre as Profissões entrevista Damião Tenório. O advogado, pós-graduado em Direito também é Procurador do Estado do Ceará e sócio-fundador da Câmara de Mediação e Arbitragem Especializada (CAMES).

Por que você escolheu essa área?

R: Essa área adveio de um insight por ter tido a formação de mestrado em Gestão de Conflitos na Unifor. E a escolha se deu, também, porque eu sempre busco empreender com propósito e o meu propósito aqui foi resolver o problema da falta de celeridade dos processos que estão no Judiciário. Essa ‘dor’ reverbera em quem está na ponta, nos advogados, nos empresários e em todos aqueles que de alguma forma precisam que o sistema de justiça funcione a contento. Então, já que nós não temos isso no sistema de justiça, eu procurei empreender com propósito, para resolver um problema que é do Judiciário e que eu, de alguma forma, posso auxiliar. As pessoas, os advogados e os empresários, vão ter um sistema de resolução de disputas mais célere e menos caótico.

Existe alguma história, sua, interessante na faculdade ou durante os anos de experiência da profissão, algo peculiar ou memorável que queira compartilhar com os leitores do EBN?

R: Eu acredito que quase todo mundo já passou por algum tipo de dissabor durante a sua jornada, enquanto estudante ou profissional. Eu era do interior de Pernambuco e fui estudar em Recife, estudava à noite, geralmente, com pessoas mais experientes, que já tinham uma outra profissão ou uma outra formação. Eu sempre fui um sujeito inquieto, que não gostava de levar as dúvidas para casa, até porque eu considero que se eu estou em uma faculdade ou em algum lugar de aprendizado, eu tenho direito a isso. E uma vez, quando fui fazer uma pergunta, que talvez na visão de outros fosse boba, um sujeito, que já era policial civil e cursava Direito conosco, disse “Lá vem esse matuto falar besteira”. E essa situação me causou, em um primeiro momento, um desconforto e eu utilizei essa passagem para me reinventar e desde então eu me dediquei mais até que no final do curso, por unanimidade, eu fui eleito o orador da turma, eu terminei a faculdade com quatro aprovações em concursos. Ou seja, aquele sujeito que foi taxado de bobo deu a volta por cima e esse fato, inclusive, eu guardo para que sempre que possível eu possa falar para os meus alunos, já que hoje eu sou professor, que não existe pergunta boba mas sim dúvida.

Como você enxerga o profissional da área do Direito atualmente?

R: Eu enxergo como um herói, o sujeito que está e que quer ir para área do Direito é um sujeito muito corajoso. Nós temos um sistema que você precisa que ele funcione para que você possa exercer o seu trabalho e, ao invés disso, temos um sistema que não tem como entregar devido ao volume de ações que está sob a sua tutela. Então, o profissional do Direito precisa levar em consideração aquilo que ele mais precisa ter, que são as ações e a possibilidade de resolver conflitos em um curto período de tempo, ele não vai ter. Eu posso dizer que nos primeiros anos de carreira no Direito são extremamente difíceis, porque você não vai poder entregar ao seu cliente uma solução em um curtíssimo intervalo de tempo. Por isso, também, eu considero que o profissional do Direito precisa conhecer o ramo da Mediação e Arbitragem, porque nelas você corre o doce risco de resolver conflitos em um curto período de tempo.

Como você avalia a visão da sociedade com o Direito e a Justiça? Como as pessoas, hoje em dia, veem o Poder Judiciário na sua opinião?

R: Essa pergunta é bastante atual devido a tudo que estamos vivenciando. Sobretudo, quando as pessoas focam o seu conceito de justiça e divisão do Poder Judiciário em uma perspectiva do Supremo Tribunal Federal, pelo absurdo protagonismo que o STF vem tendo na discussão institucional da sua atuação. Então, hoje em dia, com esse embate do Poder Judiciário com o Poder Executivo, eu posso dizer que as pessoas estão, de certa forma, querendo diminuir o papel institucional do Supremo.

Você é professor, o que diria à pessoa que quer começar a estudar direito e aos alunos iniciantes no curso? Qual conselho profissional para o futuro?

R: Eu me afastei, um tanto quanto, da minha atuação como professor da graduação e hoje me restrinjo a atuar na pós-graduação e na Escola da Magistratura. Mas eu fui professor universitário, então vou responder como teria feito antes. Eu diria para você encarar cada semestre do seu curso como se fosse ‘O Semestre’, com a perspectiva de que você não pode querer começar a estudar depois de formado. Eu sempre dizia para os meus alunos que o semestre mais difícil da faculdade de Direito era o 11º, é o semestre do desemprego, dos salários difíceis, é quando você vai fazer uma auto reflexão e vai se arrepender por não ter levado a sério os seus estudos durante a faculdade. Você tem a oportunidade ímpar de fazer bem feito um curso, se você levar a sério cada um dos semestres. Não deixe para querer ser depois do curso, aquilo que você pode ser durante a sua graduação.

Quais foram suas principais conquistas nos últimos anos? Quais os projetos em andamento?

R: Eu posso dizer de forma tranquila que a minha maior conquista foi ser abençoado com a paternidade. É uma conquista que é imaterial e essa conquista leva a outras conquistas, já no mundo material, seja uma promoção na minha atuação como Procurador ou na advocacia eleitoral, na qual nós fizemos 34 municípios e vencemos em mais de 20. Essas são conquistas que fazem parte de um compromisso de mostrar ao meu bem mais precioso de que vale a pena a gente se esforçar e não ir para a zona de conforto. Então a minha maior conquista no mundo material foi ousar e empreender no ramo de Mediação e Arbitragem com a CAMES-CE, embora a gente saiba que não é fácil empreender em um período pandêmico, foi preciso ousar, para conseguir resolver os problemas não só daquelas pessoas que têm conflito mas também dos advogados no mercado de trabalho.

Como resumiria a sua trajetória em uma frase?

R: Propósito, perseverança e gratidão. Eu levo esses três fatores de forma muito séria e vou continuar levando, porque me faz bem atuar com propósito, perseverança e gratidão. E sempre que eu acho que algo não vai dar certo, eu olho para trás e vejo esses três valores enraizados em mim.

Seu currículo é bem extenso e completo, já passou por experiências em diversas áreas e atualmente decidiu empreender, ainda na área do Direito, o que mudou ou motivou a decisão?

R: Foi querer fazer algo novo e sair da zona de conforto. E o que mudou foi ter a sensação de cada passo que eu dei dessa natureza de empreendedorismo mudou a vida de outras pessoas. Então, eu tenho dezenas de funcionários em um restaurante ou no escritório de advocacia, que eu dou oportunidades para jovens advogados brilhantes. Eu gosto muito de trabalhar com a juventude, acredito muito no ímpeto de pessoas que querem mudar sua própria realidade. Eu poderia ser um servidor público satisfeito com um cargo tão relevante e que remunera tão bem, mas eu fui além e quando eu tive essa ousadia percebi que eu não só mudava a minha vida, como também mudava a vida das pessoas.

Quer deixar alguma mensagem para os leitores do ENB?

R: A mensagem que eu deixo para vocês, que a maioria esmagadora são de empreendedores e de vencedores, é que nós temos muitas decisões a tomar na vida e uma decisão desta implica numa renúncia. Então, se o seu propósito é se sujeitar aos desafios do empreendedorismo, faça isso de forma séria, enérgica, com propósito e com perseverança. Quero dizer que muitos percalços irão vir no empreendedorismo, muitos altos e baixos, às vezes não dá certo em um lugar mas vai dar certo em outro. Saiba que aqueles erros que você cometeu no passado serão mais que necessários para que você obtenha êxito. Por fim, quero dizer que, quando empreendemos, precisamos ter pensamento positivo mas sempre preparados para que algo dê errado, para que quando isso acontecer você esteja preparado para não ‘jogar a toalha’ e seguir em frente. Saiba que aquilo que não deu certo vai ser um elemento propulsor que pode fazer a diferença quando vier a dar certo. Empreenda com propósito e perseverança que uma hora vai dar certo.

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