O PicPay, carteira digital que oferece serviços financeiros como cartões e conta corrente, quer levantar dinheiro de investidores estrangeiros nos Estados Unidos para acelerar o crescimento. O plano enfrenta resistência por causa de envolvimento dos controladores, a família Batista, dos irmãos Joesley e Wesley, em processos na Justiça.
A empresa procura levar adiante uma venda de ações na Bolsa eletrônica Nasdaq, nos Estados Unidos. Para fazer o IPO (na sigla em Inglês para Oferta Pública Inicial de Ações), o PicPay já acertou com quatro bancos – Bradesco e BTG Pactual, e os americanos Bank Of America (BofA) e Citi.
O PicPay pertence ao Banco Original. O Original é controlado por empresas da família Batista, dona da J&F, que comanda o frigorífico JBS e o banco, entre outras companhias. Embora seja um dos maiores grupos empresariais do Brasil, bancos estrangeiros apresentaram resistência para entrar nessa operação por causa do envolvimento da família Batista com investigações na Justiça.
Dúvidas
Outra incerteza que surgiu pelo menos em um encontro de executivos do PicPay com bancos e investidores foi com relação ao verdadeiro potencial de essa empresa gerar lucros aos futuros acionistas que apostarem nesse IPO. No balanço do Banco Original do segundo trimestre de 2020, a instituição financeira informou que o PicPay tem 24,2 milhões de usuários cadastrados, sendo 11,7 milhões deles ativos, que efetivamente fizeram transações no período de 12 meses. Em encontros mais recentes, o PicPay informou ter chegado em fevereiro de 2021 a 47,6 milhões de usuários, sendo 34 milhões de clientes ativos.
Prejuízos
Segundo um profissional de mercado que teve acesso às apresentações do PicPay, a empresa diz que em 2020 fez cerca de R$ 500 milhões de receita. O fato de o material apresentado aos investidores em janeiro deste ano não ter mais detalhes sobre os resultados abriu questionamentos sobre eventuais prejuízos e queima de caixa. Uma dificuldade para entrar nesse IPO seria a dúvida sobre como classificar o PicPay – se como uma fintech de cartão de crédito ou como uma empresa de pagamentos. Também existem dúvidas entre os analistas o fato de o PicPay depender das plataformas de operações da Cielo, da Rede e da Getnet – que não deixam de ser concorrentes do PicPay – para capturar a maior parte das transações que passam pela empresa, o que é visto como um risco de mercado.
Fonte: UOL