O que é a “obesidade mental”?
Segundo o filósofo e pós-doutor em discurso imagético pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, João Flávio de Almeida, “obesidade mental” não é o diagnóstico oficial de uma doença, mas um termo para explicar a produção e consumo de informações do mundo digital contemporâneo. E, informa, esse consumo exagerado acontece com informações repetidas e, geralmente, de entretenimento.
O entretenimento é, no campo da informação, os doces, fáceis ao paladar, com textos rasos e curtos, além de viciantes como uma série da Netflix que você não consegue parar só com um episódio, basta tirar “o primeiro pedaço”. O grande consumo de informações de baixa qualidade impede o indivíduo de pensar em conteúdos diferentes.
Causas e consequências da “obesidade mental”
Entre as causas para a obesidade mental estão: as informações rasas e infantilizadas que, aliadas às redes sociais e seus mecanismos de interações – curtidas, comentários e compartilhamentos – proporcionam um maior volume desses conteúdos. Assim a passividade é fomentada e desencadeia a obesidade mental. A pessoa perde a capacidade de detectar quando uma boa informação passa e não consegue apreciar porque está acostumada com guloseimas, os alimento excessivamente doce.
A obesidade intelectual também afeta a saúde física, já que o grande período em frente às telas de computadores e celulares diminui o tempo diante do mundo real e a prática de atividades físicas, além do contato com a natureza.
Dores de cabeça, cansaço, ansiedade e irritação podem ser consequências da obesidade mental, além de procrastinação e não conseguir finalizar tarefas que exijam mais do cérebro. A grande quantidade de informações na internet, muitas vezes de entretenimento, somada aos conteúdos de seus cursos da faculdade, impede que a pessoa consiga selecionar o que é realmente informação importante.
Como prevenir a “obesidade mental”
Segundo o pesquisador, acredita-se que o número de obesos mentais tende a aumentar ao longo do tempo, chegando a nível global. O filósofo teme ainda que ocorra o que ele chama de “morte do pensamento”, com fechamento de livrarias e editoras, menor produção de obras artísticas que estimulam pensamento crítico, diminuição de disciplinas de filosofia, sociologia e artes nas escolas e o aumento de preocupações de cunho financeiro.
Mas, segundo João Flávio de Almeida, o remédio e a prevenção da obesidade intelectual estão na seletividade do consumo de informações, com o afastamento de conteúdos de baixa qualidade e o equilíbrio no consumo dos bons materiais, uma vez que o exagero não é benéfico, mesmo sendo de boa origem.
É preciso manter a atividade mental, por exemplo, escrevendo poesias, desenhando, praticando atividades físicas e colocando a criatividade em prática, criando e produzindo novos materiais. Fica a dica para uma estratégia importante contra a obesidade mental.